terça-feira, 6 de abril de 2010

SEGUNDA ETAPA DA CAMINHADA DE FORMAÇÃO

CAMINHADA DE FORMAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DO REINO DO MUR

2ª ETAPA

“Espiritualidade do Profissional do Reino : Ser a Palavra”



Objetivo: A partir da moção da RCC para 2010 de convocar seus membros a lerem toda a Bíblia até 2012, estimular os profissionais do Reino a praticarem a leitura orante da Bíblia, diariamente.

“Se vós permanecerdes na minha palavra, verdadeiramente sois meus discípulos”. (Jo 8, 31)

“O cristão de amanhã será um místico, alguém que experimentou alguma coisa, ou não será nada.”

Karl Rahner

“Quem se uniu a Deus adquire três grandes privilégios: a onipotência sem poder, a embriagues sem vinho e a vida sem fim.”

Nikos Kazantzakis

No módulo anterior, fomos chamados a viver uma espiritualidade mais amadurecida, a partir da relação vida espiritual e profissional, reconhecendo: nossa dignidade de filhos de Deus que temos desde nossa concepção, passando pelo Batismo, que nos torna Sacerdotes, Profetas e Reis, até a contemplação face a face com o Senhor(I Cor. 13, 12); reconhecendo também, nossa humanidade, assumindo nossos limites e os dos irmãos; buscando o equilíbrio, tão necessário na relação afetividade, trabalho e espiritualidade; e assim, tomarmos uma posição mais madura diante da realidade em que nos encontramos e darmos respostas mais ousadas aos velhos e novos desafios que nos são impostos.



1. ESPIRITUALIDADE E COTIDIANO

Na desafiadora tarefa de tornar Jesus conhecido com o nosso testemunho de filhos e filhas de Deus nos deparamos, em nossos dias, com as mais variadas formas de buscas de vivência espirituais, que tem aumentado em alta velocidade nas últimas décadas. Isso se explica porque o homem tem dentro de si o desejo do “bem”, como afirma a teologia cristã, e por isso almeja uma vida mais harmônica consigo mesmo e com os outros. No desejo de alcançar essa harmonia tem-se apresentado a ele diversas formas de relacionamento transcendental, não necessariamente com Deus. As mais variadas religiões e seitas, cristãs ou não, como também a ciência tentam conceder ao homem a experiência com o sagrado que preencha seus anseios interiores e existenciais, e respondam as suas expectativas com ou sem Deus. Isso pode ser apresentado de várias maneiras: contato harmônico com a natureza; invocação de uma energia superior. Tipos de experiências características da chamada Nova Era: “Porque virá o tempo em que os homens já não suportarão a sã doutrina da salvação. Levados pelas próprias paixões e pelo prurido de escutar novidades, ajuntarão mestres para si. Apartarão os ouvidos da verdade e se atirarão as fábulas ”(II Tim. 4, 3-4)

Tudo isso são modas passageiras, contudo, nós cristãos temos, desde sempre, a resposta perene aos anseios desse homem moderno, que “espera ansiosamente a manifestação dos filhos de Deus” (Rom 8, 19), e isso não está em apenas ter uma posição ética, política, social coerente, mas em proporcionar um encontro íntimo, pessoal e comunitário com o Cristo vivo e ressuscitado, a realidade sempre antiga e sempre nova como nos lembra Bento XVI: “não se começa a ser cristão por uma decisão ética ou uma grande idéia, mas pelo encontro com um acontecimento, com uma Pessoa, que dá um novo horizonte à vida e com isso, uma orientação decisiva”(Deus Caritas Est, n. 1).

Não esperamos mais uma nova verdade (Dei Verbum n. 4), pois, já tivemos a plenitude da revelação divina em Jesus Cristo, o Verbo encarnado e eterno. A palavra semeada, agora, procura uma terra boa para produzir seus frutos (Mat 13, 8), e não desiste de perseguir a sua busca até encontrar o terreno fértil. Deparamo-nos hoje com esses mesmos desafios que teve o semeador evangélico - o ladrão, as pedras, os espinhos -, em meio ao cotidiano agitado e cheio de informação e literatura espiritualista que nos são apresentado, temos hoje de superar os obstáculos do nosso cotidiano, colocados diante de nós e fazer a palavra de Deus chegar ao nosso coração, e assim, deixar que ela cause seus efeitos.

Então, como ter uma espiritualidade equilibrada, baseada nos valores evangélicos, no meu dia-a-dia sem que isso se tornar mais um peso para mim? Será que é preciso me refugiar em um mosteiro ou me isolar do mundo para ter um vida espiritual cristã?

O Concílio Vaticano II vai nos dizer que a espiritualidade do leigo deve está em conformidade com o nosso cotidiano e não fora dele:

"Aos leigos compete, por vocação própria, buscar o reino de Deus, ocupando-se das coisas temporais e ordenando-as segundo Deus. Vivem no mundo, isto é, no meio de todas e cada uma das atividades e profissões, e nas circunstâncias ordinárias da vida familiar e social, as quais como que tecem a sua existência. Aí os chama Deus a contribuírem, do interior, à maneira de fermento, para a santificação do mundo [...]" .(Lumem Gentiun, n. 31, grifo nosso)

Assim sendo, todas as nossas atividades cotidianas devem tornar-se lugar de encontro com Deus e por isso “a espiritualidade não pode ser mais um peso acrescentado ao trabalho profissional, mas antes uma fonte a partir da qual posso realizar meu trabalho de maneira mais leve e melhor” (Grün, Anselm, Vida Pessoal e Profissional: Um Desafio Espiritual, pp.9-10). Portanto, nós leigos somos chamados a viver a espiritualidade cristã a partir do lugar em que nos encontramos, inseridos: “nas realidades temporais e na sua participação nas atividades terrenas” (Christifideles Laici, n. 17).

O nosso lugar de santificação é uma conciliação entre as atividades temporais e as práticas espirituais (oração individual e comunitária, meditação da Palavra, participação na vida litúrgica e sacramental e o exercício da caridade).

Diante de tudo isso é preciso refletir:

• Como estou vivenciando a espiritualidade no meu dia-a-dia?

• Tenho disponibilizado tempo para o exercício das práticas espirituais ou tenho me consumido apenas pelas atividades cotidianas?

DINÂMICA

Reúnam-se em grupos de 3 a 4 pessoas (dependendo da quantidade de participantes) e respondam as seguintes questões:

1. Diante das expectativas do homem moderno, o que podemos oferecer ao mundo com nossa esperança?

2. Comente a citação: “A criação espera ansiosamente a manifestação dos filhos de Deus” (Rom 8, 19).

3. Como tenho equilibrado minha vida profissional com as práticas espirituais?

Logo após, façam uma pequena partilha do que cada grupo discutiu.



2. LEITURA ORANTE DA PALAVRA: A LECTIO DIVINA

“Feliz aquele que se compraz no serviço do Senhor e medita sua lei dia e noite”(Salmo 1, 2)

“Em linguagem atual, dir-se-ia: a mensagem cristã não era só ‘informativa’, mas ‘performativa’. Isto significa que o Evangelho não é apenas uma comunicação de realidades que se podem saber, mas uma comunicação que gera fatos e muda a vida.” (SPES SALVE, n. 2).

“Proclama a Palavra, anuncia a Boa Notícia!”.
(Lema da RCC para 2010, baseado em II Timóteo 4, 1-5)

A Palavra de Deus também é presença de Deus, ela é fonte para nossa vivência espiritual, lugar de encontro e experiência pessoal com Deus. Por isso, temos a necessidade de em nossas reuniões de oração ou formação, como também em nossa oração pessoal, dar um lugar central a Palavra de Deus, e reservar um tempo para uma leitura orante, desta maneira, chegaremos ao conhecimento de Deus e de Sua vontade:

Encontramos Jesus na Sagrada Escritura, lida na Igreja. A Sagrada Escritura, “Palavra de Deus escrita por inspiração do Espírito Santo”, é, com a Tradição, fonte de vida para a Igreja e alma de sua ação evangelizadora. Desconhecer a Escritura é desconhecer Jesus Cristo e renunciar a anunciá-lo. (Documento de Aparecida, n. 247)

Para nós, Profissionais do Reino, torna-se indispensável o conhecimento profundo e vivencial das Sagradas Escrituras, e assim se torne para nós alimento e alicerce de nossa caminhada: “É tão grande a força poderosa que se encerra na palavra de Deus, que ela constitui sustentáculo vigoroso para a Igreja, firmeza na fé para seus filhos, alimento da alma, perene e pura fonte da vida espiritual.” (Dei Verbum, n.21)

Propomos, então, como exercício de leitura da Palavra, dentre as mais variadas formas de estudo das Sagradas Escrituras existentes na Igreja, o método milenar: Lectio Divina, ou leitura orante da palavra de Deus, como é conhecida. Esse método consiste em proporcionar uma aproximação mais íntima da Palavra de Deus e a um encontro mais autêntico com Jesus vivo e ressuscitado presente na Sagrada Escritura. A prática desse exercício orante da Palavra deve ser feito por todos, seus efeitos atingem tanto o plano racional do nosso ser quanto o espiritual.

Este método é feito em quatro momentos distintos: Leitura, Meditação, Oração e Contemplação, que precisam ser seguido etapa por etapa, como se fossem degraus que precisássemos subir, para, desta forma, experimentar a eficácia proporcionada por essa prática.

Leitura: lê-se várias vezes o texto bíblico escolhido (recomenda-se 3), em grupo ou individual; pronuncie bem as palavras em um tom de voz que você escute o que está lendo. Entre em contato com o texto com atenção e cuidado, considerando o seu contexto original, perguntando sempre ao texto: o que ele diz?;

Meditação: é o momento em que fazemos um maior aprofundamento do sentido bíblico e trazemos o texto pra nossa realidade: o que o texto diz para nós hoje? Faço um apelo, então, a minha razão, inteligência e imaginação, para uma leitura dentro do nosso horizonte e realidade que estou vivendo;

Oração: à proporção que vou trazendo o texto para minha realidade vou respondendo a leitura com uma oração, que pode ser de súplica, de louvor, de arrependimento, ação de graças, de intercessão. É importante que este momento seja feito a partir de um versículo bíblico que tenha me tocado durante a leitura e a meditação;

Contemplação: Após a leitura, medição e oração, a contemplação vem selar o percurso feito até então. É neste momento que paramos para contemplar a presença de Deus em nosso meio e em nossa vida, e a partir daí assumir um compromisso com nossa realidade.

Em resumo, ao fazer cada um desse passos do método da leitura orante da palavra de Deus, dentro dos quatro momentos, respondemos as seguintes questões: a leitura responde: o que diz o texto? A meditação: o que o texto me diz? A oração: o que o texto me faz dizer a Deus? E a contemplação me ajuda a responder: o que Deus me diz através de dessa leitura?

Antes de iniciar a leitura orante da palavra de Deus, precisamos pedir o Espírito Santo, auxilio perene da revelação divina, sopro vital da vida da Igreja, que nos dá ciência, sabedoria e discernimento na condução de nossa missão.

Oração exige disciplina, portanto o mais correto é termos um horário e, se possível, um lugar, consagrados ao Senhor e determinarmos um tempo, conforme nossa disponibilidade: cinco, quinze, trinta minutos ou mais. Que tal fazer isso agora? Devolva ao Senhor um dízimo de seu tempo. Ore para que Ele te faça fiel.

Horário:

Local:

Tempo:

Uma dica. Nunca fique aquém do tempo delimitado! Se sentir moção de ir além, vá, mas nunca fique menos. Nem que seja só para ficar em silêncio. Aliás, valorize o silêncio. Deixe Deus falar com você. Se persistir o silêncio, simplesmente deixe Ele te amar em silêncio.

O importante é ter constância, perseverança, fidelidade.

UM CONVITE ESPECIAL!

A Renovação Carismática Católica do Brasil nos exorta a lermos toda a Bíblia até 2012.

Um método de leitura que produz muito fruto é o apresentado pelo Pe. Jonas Abib, em seu livro “A Bíblia no meu dia a dia” (um resumo e o plano de leitura estão disponíveis no blog www.partilhareamar.blogspot.com ).

Imaginem todos os nossos grupos de profissionais lendo juntos a Palavra, buscando po-la em prática, partilhando descobertas, dúvidas, conhecimentos, moções: seria maravilhoso!


Vejam o diz Chiara Lubich, fundadora do Movimento dos Focolares (http://www.focolare.org/home.php?lingua=PT ), sobre essa experiência pessoal e comunitária:

“Nós, quando muito, meditávamos a Palavra de Deus, nela penetrávamos com a mente, dela extraíamos uma ou outra consideração e, se fôssemos fervorosos, um ou outro propósito.

Aqui [em nossa comunidade] era bem diferente. A Palavra era esmiuçada em suas mais diversas aplicações, no contato contínuo com a vida, e provocava uma transformação em cada um e no grupo. Quando a vivíamos, não era mais o eu, ou o nós, quem vivia, mas a Palavra em mim, a Palavra no grupo. E isso significava revolução cristã, com todas as suas conseqüências.

Entendemos que o mundo precisa de uma terapia de... Evangelho, porque só a boa nova pode dar novamente a ele a vida que lhe falta. Por isso é que vivemos a Palavra de vida... Encarnamo-la em nós até sermos aquela Palavra viva.

Bastaria uma Palavra para nos santificarmos, para sermos outro Jesus.

Pelo tempo afora, vivemos muitas Palavras da Sagrada Escritura, de modo que elas continuam sendo patrimônio indelével de nossa alma.

Nossa tarefa é viver a Palavra no momento presente de nossa vida.

Todos podemos vive-la, qualquer que seja a vocação, qualquer que seja a idade, o sexo, a condição em que estejamos, porque Jesus é Luz para todo homem que vem a este mundo.

Com esse método simples, re-evangelizamos as nossas almas e, com elas, o mundo.”
(Ser a Tua Palavra, São Paulo: Cidade Nova, 2009, p. 37-39)

Para refletir:

• Quanto tempo temos disponibilizado para o estudo ou para lermos a Palavra de Deus?

• Que atenção damos à Palavra de Deus no nosso GPP ou GOP?

• A Palavra de Deus tem inspirado a minha vida pessoal e meu testemunho nos lugares onde freqüento (família, trabalho, escola, faculdade, Igreja, etc)?

DINÃMICA

1. Convidamos você a fazer uma leitura orante de Lucas 5, 1-11, de acordo com o método da Lectio Divina;

2. Em seguida, escolha algumas pessoas para partilhar com os com todo o grupo a experiência de cada etapa do método;


 
CONCLUSÃO

A Palavra de Deus é fonte de vida para nossa comunidade, é um alimento espiritual, como dizia são Jerônimo. É pela palavra viva de Deus que firmamos nossos passos na vontade de Deus, e conduzimos nossa vida pessoal e profissional dentro dos valores evangélicos.

A palavra de Deus “é viva e eficaz” (Heb. 4, 12), é a verdade que liberta (Jo 8, 32) e nos torna verdadeiros discípulos e missionários de Jesus, oferecendo um itinerário para uma espiritualidade madura que me faz ter os pés nos chão e a cabeça no céu. O relato da passagem dos discípulos de Emaús (Luc 24, 13-35) nos mostra que a Palavra de Deus proclamada nos deixa com o coração ardente e os olhos abertos: corações ardentes pelo encontro com Deus que nos dá força e coragem; e os olhos abertos para a realidade que nos cerca, e que clama uma ação eficaz de nossa parte.

Para aprofundar este tema em seu grupo, recomendamos a leitura das seguintes obras:

Vaticano II. Constituição Dogmática Dei Verbum.

Catecismo da Igreja Católica. N. 2653s

Pontifícia Comissão Bíblica. A interpretação da Bíblia na Igreja. São Paulo: Loyola, 1994.

CNBB. Crescer na Leitura da Bíblia. Coleção Estudos da CNBB n. 86. São Paulo: Paulus, 2003.

ABIB, J. A Bíblia no meu dia-a-dia. Cachoeira Paulista: Canção Nova, 2009.

MOSCONI, L. Para uma leitura fiel da Bíblia. São Paulo: Loyola, 1996.

REIS, R. B. Biblia Sagrada - Luz e Abrigo para a Aventura da Vida! Pelotas: Renovação Carismática Católica. 2009.

TERRA, J.E.M. Evangelho de João: uma leitura espiritual. Série Bíblica 6. Aparecida: Santuário, 2000.





PROPOSTA DE MÉTODO E PLANO DE LEITURA DA BÍBLIA

Queridos amigos e amigas,


Paz de Jesus Ressuscitado!

“Ignorar as Escrituras é ignorar Cristo”. São Jerônimo

Nosso objetivo é ler e meditar toda a Bíblia até 2012.
Junte-se a nós nessa caminhada!
Caminhar em comunidade é muito mais fácil e prazeroso do que sozinho.
Com certeza nossa vida será transformada, renovada, incendiada pela Palavra “que é viva e eficaz” (Hb 4,12).
Que Maria nos ajude a guardar a Palavra no coração, a meditá-la diariamente e a colocarmos em prática: “Fazei tudo o que Ele vos disser” (Jo 2,2)
Abaixo segue um breve resumo de um método e do roteiro, obtido no site da Canção Nova (http://www.cancaonova.com/portal/canais/formacao/internas.php?id=&e=2877 ).

Além disso, há livros muito bons que auxiliam a aprofundar o sentido da Palavra:

Vaticano II. Constituição Dogmática Dei Verbum.
Pontifícia Comissão Bíblica. A interpretação da Bíblia na Igreja. São Paulo: Loyola, 1994.
CNBB. Crescer na Leitura da Bíblia. Coleção Estudos da CNBB n. 86. São Paulo: Paulus, 2003.
ABIB, J. A Bíblia no meu dia-a-dia. Cachoeira Paulista: Canção Nova, 2009. MOSCONI, L. Para uma leitura fiel da Bíblia. São Paulo: Loyola, 1996.
TERRA, J.E.M. Evangelho de João: uma leitura espiritual. Série Bíblica 6. Aparecida: Santuário, 2000.

Método para ler a Bíblia segundo a obra "A Bíblia no meu dia a dia" de Pe. Jonas Abib.

"Vamos fazer juntos o diário espiritual
É um treinamento. Quero ajudar você a fazer o seu diário. Porque não basta ler: o trabalho com a Bíblia se completa com o Diário Espiritual. As pessoas em geral têm preguiça de escrever e acham até estranho fazê-lo. Por que é preciso escrever? Não basta ler? Eu digo a você: não basta ler. A receita é escrever.
Como a palavra diz, trata-se de um diário. A gente lê todos os dias e faz o diário todos os dias.

Comece hoje mesmo:
Pegue um caderno. Ele vai servir exclusivamente para o seu Diário Espiritual. Ponha no alto da página a data e, em seguida, anote o trecho lido: 1Jo 1,2.
A primeira coisa que você vai anotar, todos os dias, são as promessas de Deus que você encontrou na leitura. É muito importante anotar as promessas de Deus. Ele as cumpre. São promessas de Deus e não dos homens. É por isso também que é bom ler e riscar: fica mais fácil encontrar as promessas contidas nos trechos lidos.

Se você reparou bem, no final do capítulo 1, o versículo 9 diz: "Se reconhecermos os nossos pecados, Deus aí está, fiel e justo, para nos perdoar os pecados e para nos purificar de toda iniqüidade". É ou não uma promessa? E que promessa! Deus aí está, fiel e justo para nos perdoar os pecados. Basta-nos cumprir uma única condição: reconhecer os nossos pecados. Uma condição muito simples não é?
Vamos agora anotar. Escreva no seu caderno: Promessa. Agora copie o trecho e ponha a citação: 1 Jo 1,9.

Veja então o início do capítulo 2: não é uma promessa? "Filhinhos meus, isto vos escrevo para que não pequeis. Mas se alguém pecar, temos um intercessor junto ao Pai, Jesus Cristo, o justo." É uma importantíssima promessa: podemos ter a certeza de que, se pecarmos, teremos um intercessor junto ao Pai, e esse intercessor é Jesus, o justo. A promessa continua no versículo 2: "Ele é a expiação dos nossos pecados, e não somente pelos, mas também pelos de todo o mundo".

Anote então no seu caderno e ponha a citação: 1 Jo 2,1-2.

O versículo 25 é bem claro, porque nele aparece a palavra promessa: “Eis a promessa que ele nos fez: A vida eterna”. Essa é a promessa de Deus, e não é pouca coisa: é a vida eterna. Anote e ponha a citação.

O segundo item que você anota são as ordens de Deus. Se são ordens, elas precisam ser cumpridas. Para isso, temos de conhecê-las.

Veja 1 João 2,15. Não há aí uma ordem? Anote então: "Não ameis o mundo, nem as coisas do mundo. Se alguém ama o mundo, não está nele o amor do Pai". e pode continuar no versículo 16, que complementa: “Porque tudo o que há no mundo: a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não procedem do Pai, mas do mundo”.

Observe que em 1 João 2,28 há outra importantíssima ordem. Nem vou apresentá-la aqui. Encontrou? Então anote.

A terceira coisa que se anota no Diário Espiritual são os Princípios Eternos. A maneira mais fácil de compreender o que é um princípio eterno é aprender na prática. Veja 1 João 1,5. Temos aí um princípio eterno. Nada o mudará. Queiramos ou não, é assim porque é assim. "Deus é luz e nele não há treva alguma."

Continue com os versículos 6 e 7. Eles também trazem princípios eternos. São princípios que regem o Reino de Deus. Anote.

Veja 1 João 2,9. Não se trata de um princípio eterno? Vá em frente com os versículos 10 e 11. Percebeu? Então anote.

São, portanto três coisas: Promessas, Ordens e Princípios eternos.

Em seguida, você vai anotar coisas muito concretas e pessoais:

1 - Qual a mensagem de Deus para mim no dia de hoje? No texto que leu, você vai encontrar a mensagem que Deus tem para você no dia de hoje. É só prestar atenção. Em seguida, escreva.

2 - Como posso colocar isso em prática na minha vida? Como pôr em prática tudo o que você leu, tudo o que Deus lhe falou. Não tenha medo de dizer isso por escrito.

Esse é o ponto de chegada do Diário Espiritual. É cem por cento prático e concreto. Pegue a Bíblia, leia o trecho indicado e faça em seguida o seu diário.

Amanhã você vai pegar o capítulo 3 e fazer o diário. Depois de amanhã o 4 e, por fim o 5. Em quatro dias você faz toda a primeira Carta de São João.

Depois disso, você vai retomá-la novamente, parte por parte e vai fazer o diário. Acredite, não será simples repetição. Haverá novidades. Especialmente na mensagem de Deus e em como pôr em prática o que você leu.

Experimente e você vai ver.

Eu fiz de propósito. Assim como se joga a pessoa na piscina para que ela perca o medo, eu fiz questão de colocá-lo frente a frente com o Diário Espiritual para você se aventurar e aprender na prática. Siga em frente!"
Trecho do livro: A Bíblia no meu dia-a-dia. Pe. Jonas Abib.

Regras de ouro para ler a Bíblia

"Eis a principal regra de ouro: ler a Bíblia todos os dias

1. Leia a Bíblia todos os dias

Eis a principal regra de ouro: ler a Bíblia todos os dias. Sem exceção. Leia quando tiver vontade e quando não tiver também! É como remédio: com ou sem vontade, tomamos, porque é necessário. Com a Bíblia é a mesma coisa. E nos tempos em que vivemos, isso é premente.

Assim como você alimenta o corpo todos os dias, alimente diariamente o seu espírito com a Palavra de Deus. Assim como tomamos banho todos os dias e, quando não podemos fazê-lo de manhã, à noite o corpo pede um banho, assim também se passa com a leitura da Bíblia: se você não conseguir ler durante o dia, sem que você se aperceba, o seu espírito ficará pedindo um banho da Palavra de Deus. Não deixe de dar ao seu espírito o que você dá ao seu corpo!

Tem gente que não consegue dormir sem tomar banho; essas pessoas se viram e se reviram na cama sem dormir. Que eu e você sejamos assim: que não possamos dormir sem o banho da leitura da Palavra de Deus.

2. Tenha uma hora marcada para a Leitura

Para grande parte das pessoas, a melhor hora de ler é de manhã cedinho. Elas se levantam cedo para ler a Bíblia e fazer o seu trabalho com o Diário Espiritual, antes das outras ocupações e do começo do movimento em casa.

Trata-se de um costume maravilhoso. É certamente o que mais rende. Além disso, tem-se a vantagem de iniciar logo cedo, uma super-refeição e começamos o dia com força total.

Há, porém quem tenha dificuldades para fazer isso. São pessoas que, pela manhã, sentem-se pesadas, sonolentas. Parece que a cabeça não funciona. Elas não conseguem se concentrar. E não adianta fazer esforço, pois terminam por gastar tempo para alcançar pouco.

Nada há de estranho nisso. Existem muitas pessoas assim, talvez você seja uma delas. Essas pessoas em geral, rendem mesmo à noite. Apesar do cansaço do dia, à noite sua mente fica desperta, ativa... Se para você o período bom for o noturno, não hesite: trabalhe com a Bíblia à noite.

Fazer isso também tem vantagens: você prolonga a leitura até a hora que quiser e vai dormir com um bom conteúdo na mente. E o seu inconsciente com certeza, vai trabalhar com todo esse material.

Para muitas mães de família, o melhor momento é o meio da tarde, depois de terminar os trabalhos domésticos. Nessa hora, elas estão sossegadas, não havendo barulho nem movimento na casa, o que lhes permite trabalhar com a Bíblia.

O importante é descobrir o melhor período para você. E fazer dele a sua hora marcada, sendo-lhe fiel, sem exceções.

3. Marque a duração da Leitura

Esta é outra regra de ouro: marque a duração da leitura e seja-lhe fiel. Seja sério consigo mesmo. É preferível 10 minutos todos os dias a ser levado pelo entusiasmo de quem começa e não ir em frente.

Muitas pessoas que, de início, exigiram muito de si mesmas, a fim de fazer com seriedade e constância esse trabalho, agora se confessam satisfeitas com o fato de que, passado certo tempo, sentiram um envolvimento e uma motivação tamanhos que a disciplina deixou de ser uma exigência. Do mesmo modo, dado o rigor com o qual encararam esse tempo para a leitura, hoje, percebem que se tornou curto. Elas precisam de mais tempo, o trabalho ficou com gosto de "quero mais". Pena que nem sempre seja possível.

4. Escolha um bom lugar

Ter o cantinho da gente é muito bom. E não precisamos de nada especial; o que importa é contar com um lugar tranqüilo, silencioso, que facilite a concentração e favoreça a criação de um clima de oração. Faz bem, ir todos os dias para o nosso cantinho e nele fazer o nosso trabalho com a Bíblia.

Lembre-se, todavia, que o lugar é uma coisa secundária: ele é apenas um meio para trabalharmos melhor e com maior resultado. Importante mesmo é, em qualquer lugar, em qualquer circunstância, realizar com dedicação a nossa tarefa.

5. Leia com lápis ou caneta na mão

Não se trata de simplesmente ler; devemos fazer uma leitura ativa. Um meio simples, mas eficaz é ler com lápis ou caneta na mão. Sublinhe as passagens mais importantes, tudo o que chamar a sua atenção, as coisas que lhe falaram e que o tocaram de modo especial. É até bom ter uma caneta de quatro cores e usar ora uma ora outra. Isso ajuda: ponha trechos em destaque, diferencie.

Utilize sinais que tenham sentido para você, faça anotações, não tenha medo de riscar a sua Bíblia. Ela é um instrumento de trabalho. Você vai ficar com a Bíblia bem marcada; vai ser fácil você se lembrar das passagens e encontrá-las quando procurar. Além disso, facilita a concentração na leitura, o entendimento da mensagem e a impressão do que é lido na mente e no coração.

6. Faça tudo em espírito de oração

Você não está apenas lendo a Bíblia, você está buscando um encontro com a Palavra de Deus. Está à procura de um contato íntimo com a Palavra Viva do Deus, que fala a você.

Trata-se de um diálogo: você escuta, você acolhe, você se toca, se sensibiliza, responde. É um encontro vivo entre pessoas vivas, um encontro de pessoas que se amam mutuamente. Muitos experimentaram essa relação. Experimente você também.

O principal interesse de Deus não é tanto fazer você escutar, mas falar com você. Ele deseja instruir você, quer conduzi-lo ao conhecimento da verdade. Por isso, esteja atento, fique alerta; mantenha-se numa atitude de expectativa. Deus tem algo de bem pessoal e concreto para lhe dizer!"
.: Trecho do livro: A Bíblia no meu dia-a-dia



Em que ordem ler a Bíblia?


"A Bíblia não é um simples livro. Ela é uma biblioteca de 73 livros. Eles são bem diferentes uns dos outros, têm os mais diversos estilos, foram escritos em épocas muito distantes e em situações muito diferentes.

É necessário um Plano de leitura. No início, há muita coisa que não se entende, o que é muito natural. Até na leitura de um romance acontece isso. Não pare por causa disso, prossiga, à medida que se vai lendo, as coisas vão se esclarescendo umas às outras. É uma regra de ouro: a Bíblia se explica por si mesma. Por isso é tão importante um plano de leitura.

Existem vários planos de leitura. Todos eles são bons, porque se baseiam num princípio. Apresento aqui um determinado plano. Ele se destina àqueles que desejam começar a ler a Bíblia e não têm outros recursos a não ser conhecer a Bíblia através dela mesma. Siga a ordem indicada aqui, ela faz parte do método.

Plano de leitura do Novo Testamento

1. 1ª Carta de São João. (2 vezes)
2. Evangelho de São João
3. Evangelho de São Marcos
4. As pequenas cartas de São Paulo:
Gálatas
Efésios
Filipenses
Colossenses
1ª e 2ª Tessalonicences
1ª e 2ª Timóteo
Tito
Filêmom
5. Evangelho de São Lucas
6. Atos dos Apóstolos
7. Carta aos Romanos
8. Evangelho de São Mateus
9. 1ª e 2ª Carta aos Coríntios
10. Hebreus
11. Carta de São Tiago
12. 1ª e 2ª Carta de São Pedro
13. 2ª e 3ª Carta de São João
14. Carta de São Judas
15. Apocalipse
16. 1ª Carta de São João (3ª vez)
17. Evangelho de São João (2ª vez)

Depois, deve ser estudado os livros do Antigo Testamento. Neste tempo, aproveite para estudar e rezar com os Salmos.

Para o estudo siga o plano de leitura abaixo:

1.Gênesis
2.Êxodo
3.Números
4.Josué
5.Juízes
6.1º Samuel
7.2º Samuel
8.1º Reis
9.2º Reis
10.Amós
11.Oséias
12.Isaías (1-39)
13.Miquéias
14.Naum
15.Sofonias
16.Habacuc
17.Jeremias
18.Lamentações
19.Ezequiel
20.Abdias
21.Isaías (40-55)
22.1º Crônicas
23.2º Crônicas
24.Esdras
25.Neemias
26.Ageu
27.Zacarias
28.Isaías (56-66)
29.Malaquias
30.Joel
31.Jonas
32.Rute
33.Tobias
34.Judite
35.Éster
36.Eclesiástico
37.Cântico dos Cânticos
38.Jô
39.Eclesiastes
40.1º Macabeus
41.2º Macabeus
42.Baruc
43.Daniel
4.Sabedoria
45.Levítico
46.Deuteronômio "

Fonte: Livro A Bíblia no meu dia-a-dia / Pe. Jonas Abib

Espiritualidade dos Leigos e Leigas no Documento 62 da CNBB

O tema da segunda etapa da caminhada de formação é a espiritualidade do leigo. Encontramos uma bela síntese no documento 62 da CNBB, de 175-185.

Este texto pode ajudar você e o grupo que participa a aprofundarem o tema:

"6. FORMAÇÃO, ESPIRITUALIDADE E ORGANIZAÇÃO

175.  A eficaz atuação dos leigos na evangelização exige profunda e séria preparação, com a finalidade de favorecer o amadurecimento e o exercício da liberdade e dos carismas. O leigo necessita, igualmente, de vida interior e espírito de responsabilidade. Isso supõe formação espiritual adequada, tanto mais que o ambiente cultural da sociedade atual freqüentemente é orientado em sentido contrário aos valores cristãos. É portanto necessário criar condições para que os leigos católicos encontrem mais facilmente os caminhos da descoberta e do aprofundamento de uma espiritualidade cristã, baseada na oração pessoal e comunitária, na leitura da Bíblia e na vida sacramental, capaz de sustentá-los em sua atuação no mundo - na realidade da família, da educação, do trabalho, da ciência, da cultura, da política, dos compromissos sociais e civis - para testemunhar o Evangelho e transformar a sociedade.

ESPIRITUALIDADE DO CRISTÃO

176. A espiritualidade de leigos e leigas é, antes de tudo, o caminhar nas estradas da vida, com Cristo, no vigor do Espírito Santo, ao encontro do Pai, construindo seu Reino. Os discípulos e discípulas de Jesus hoje são como os discípulos de Emaús: pessoas a caminho, desalentadas, mas que encontraram um desconhecido que as acompanha e faz arder-lhes o coração, enquanto lhes fala das Escrituras. Quando solicitam que permaneça com eles, finalmente o reconhecem no gesto de partir o pão. Depois deste reconhecimento, voltam para anunciar aos outros: "Aquele que morreu está vivo!".

177. Hoje, como naquele tempo, as pessoas que se sentem chamadas, "vocacionadas" ao seguimento de Jesus, desinstalam-se, entram na caminhada, para fazer a experiência de sua presença e permanecer unidas a Ele, à sua palavra, ao seu amor e, então, partir para anunciá-lo ao mundo. Por isso, a espiritualidade do seguimento é fundamental para a vivência cristã. O Espírito ensina-nos o verdadeiro seguimento de Jesus e suscita hoje uma espiritualidade mais integrada, onde todas as dimensões humanas são contempladas: a corporeidade, a afetividade, a emoção, a racionalidade, a criatividade e a sociabilidade.


178. Os discípulos de Emaús caminharam junto com Jesus, experimentaram sua presença, acolheram o sentido da cruz e regressaram à comunidade, animados e encorajados. Esse encontro com Jesus é experiência do Mistério que nos circunda e envolve, que aquece os corações, que seduz as pessoas, proporcionando um sentido novo às nossas vidas. A paixão por Jesus nos leva a viver a compaixão, a solidariedade e a fazer da partilha fraterna nosso estilo de vida.

179. A espiritualidade não é "uma parte da vida, mas a vida inteira guiada pelo Espírito" de Jesus. "Entre os elementos de espiritualidade que todo cristão deve assumir como próprios, destaca-se a oração. A oração o levará, aos poucos, a ver a realidade com um olhar contemplativo, que lhe permitirá reconhecer a Deus em cada instante e em todas as coisas; de contemplá-lo em cada pessoa; de procurar cumprir sua vontade nos acontecimentos".

180. A espiritualidade não afasta da vida cotidiana. Especialmente leigos e leigas devem buscar a santidade dentro de suas próprias condições de vida. É o que ensina o Concílio Vaticano II. Após ter afirmado com vigor a vocação de todos os fiéis à santidade, a Constituição Lumen Gentium propõe alguns itinerários espirituais não apenas a ministros e consagrados, mas também aos esposos e pais, aos trabalhadores, aos pobres, aos sofredores, aos perseguidos pela justiça, concluindo: "Todos os fiéis santificar-se-ão dia-a-dia, sempre mais, nas diversas condições da sua vida, nas suas ocupações e circunstâncias, e precisamente através de todas essas coisas, desde que as recebam com fé das mãos do Pai celeste, e cooperem com a vontade divina, manifestando a todos, no próprio serviço temporal, a caridade com que Deus amou o mundo".

181. A convivência cotidiana em família é o espaço primeiro para viver esta espiritualidade, procurando confrontar a própria vida com a vida e as opções de Jesus de Nazaré, que "passou fazendo o bem", numa atitude de total abertura ao Pai e aos irmãos. Certamente, a experiência da família embebida desta espiritualidade será diferente. A vivência de relações igualitárias, promotoras de respeito à dignidade e às diferenças, possibilitará um real diálogo e participação de todos os membros, criando desta forma possibilidades para uma inserção criativa e crítica na sociedade.


182. O Papa Paulo VI denuncia a gravidade da ruptura entre fé e vida, entre evangelho e cultura. João Paulo II convida os leigos e leigas a estabelecerem a unidade de vida sustentada pela espiritualidade. "Não pode haver na sua existência duas vidas paralelas: por um lado, a vida chamada ‘espiritual’, com seus valores e exigências; e, por outro, a chamada vida ‘secular’, ou seja, a vida da família, do trabalho, das relações sociais, do empenho político e da cultura. [...] Toda atividade, toda situação, todo compromisso - como, por exemplo, a competência e a solidariedade no trabalho, o amor e a dedicação na família e na educação dos filhos, o serviço social e político, a proposta da verdade na esfera da cultura - são ocasiões providenciais de um contínuo exercício da fé, da esperança e da caridade". Leigos e leigas fazem do fogão, do torno, da cátedra, da enxada, do bisturi... verdadeiro altar. Imersos no mundo do trabalho, encontram inspiração no testemunho de Jesus de Nazaré, o filho do carpinteiro e em Maria servindo a prima Isabel.


183. Maria, "a primeira entre os humildes e os pobres do Senhor", a primeira discípula de Jesus, nos orienta no seguimento de seu Filho, integrando a docilidade ao Espírito e o serviço generoso às irmãs e irmãos. Os acontecimentos eram, por ela, considerados à luz da própria experiência, da Palavra de Deus, da atenção à vida e à história. Exemplo disso é o Magnificat onde louva e bendiz a Deus pelas maravilhas que Ele realizou na sua vida, na vida do seu Filho e na vida do seu povo. Discípulos e discípulas hoje reconhecerão que Maria é modelo de reflexão sobre a vida à luz da fé. Mulher corajosa, que disse sim a Deus e não às injustiças, ao proclamar que Deus é vingador dos humildes e dos oprimidos e derruba do trono os poderosos. Mulher forte, "que conheceu de perto a pobreza, o sofrimento, a fuga e o exílio - situações estas, que não podem escapar à atenção de quem quiser secundar, com espírito evangélico, as energias libertadoras do homem e da sociedade".


184. A espiritualidade do seguimento de Jesus, vivida por suas testemunhas – mártires, místicos e simples fiéis - impressiona e inspira a vida e a prática de muitos cristãos e cristãs, que buscam ser presença solidária com a dor dos mais sofridos e procuram estar atentos aos sinais dos tempos, que desafiam a uma presença qualitativamente distinta na sociedade.

185. Nessa perspectiva, valorizem-se as experiências já adquiridas, promova-se o intercâmbio entre pessoas e grupos que estão em busca de uma nova espiritualidade, facilite-se o acesso às fontes da grande tradição espiritual cristã, criem-se ou reorganizem-se centros de estudo e de vivência espiritual."

(grifos nossos)