sexta-feira, 6 de agosto de 2010

5ª ETAPA DA CAMINHADA DE FORMAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DO REINO

CAMINHADA DE FORMAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DO REINO
5ª ETAPA
Pe. Jacaúna CSS
 Agosto de 2010


“Vocação: Chamado de Deus ou Escolha do ser humano?”


OBJETIVOS:

1) Propiciar os profissionais do Reino e os grupos de profissionais um aprofundamento teológico sobre “Vocação” e seus grandes três níveis;
2) Entender Vocação, tanto para vida eclesial quanto social, como fruto de uma Experiência de Deus;
3) Oferecer alguns meios que ajudem no processo de descobrir, discernir, cultivar e acompanhar todas e quaisquer vocações no cotidiano. 


SITUANDO

Fiquei muito feliz ao ser convidado para elaborar o conteúdo formativo dos GPP´s para o mês de agosto, pois trata-se de duas realidades fundantes em meu ser: Profissionais do Reino e Vocação. Espero ajudar na reflexão do que fora pedido a respeito da Vocação à Vida, à Comunidade e à Sociedade.

Começo relembrando que a Igreja no Brasil tem alguns meses temáticos. Por exemplo: maio é o mês Mariano, setembro é o mês da Bíblia, outubro o mês missionário... e agosto é o mês vocacional. Agosto foi estabelecido como mês vocacional em 1973, porém naquela época, rezava-se e trabalhava-se de modo especial para suscitar e fortalecer as vocações consagradas, como a dos padres e das freiras.

Entretanto, pouco a pouco o termo VOCAÇAO passou a adquirir um significado muito mais amplo. Quando a CNBB promoveu o I Congresso Vocacional em 1999, vocação já era entendida como um chamado dirigido a todos e a cada um e a resposta a esse chamado poderia se dar tanto no âmbito eclesial como fora dele. Assim, falar em vocação é falar dos padres, religiosos e religiosas. Mas também é falar dos leigos, que respondem ao chamado de Deus para colaborar na construção do seu reino tanto no meio eclesial, como fora dele, onde geralmente só o leigo alcança e tem o poder de transformar.
  
No próximo mês de setembro, a CNBB promoverá o III Congresso Vocacional e no seu texto base é possível ver registrado um grande avanço nos documentos da Igreja a respeito desse tema. Se na década de 60, a Igreja trabalhava somente na promoção de vocações de especial consagração, hoje ela trabalha no processo de descobrir, discernir, cultivar e acompanhar todas e quaisquer vocações que surgem justamente do Encontro com Jesus Cristo.

É a partir deste prisma que iremos continuar nossa reflexão e oração. Partiremos da definição do termo “vocação” e passaremos pelos seus três grandes níveis de manifestação. Por fim, vamos apontar  algumas luzes de como discernir os sinais de uma vocação.


QUEM CANTA, REZA DUAS VEZES

Caminhada (Pe. Jonas)

Alguém chama, Ele me ama e me  conduz e me quer feliz.
Ele fala, só escuto, paro mudo, e o que Ele me diz....
Vem me seguir, que Eu caminho junto com você ao fim
Depois da caminhada você é feliz,
se deixa todas coisas só por mim...
Por mim!... vem me seguir...
Que o Meu caminho é o da porta estreita sim,
Porém ao acabar junto de mim,
Você vai entender porque é bom, é bom seguir
Ele quer uma resposta todo dia de você irmão
É difícil a caminhada e por isso Ele te estende a mão
Alguém chama, Ele me ama e me conduz e me quer feliz.
Ele fala, só escuto, paro mudo, e o que Ele me diz....
Vem me seguir, que Eu caminho junto com você ao fim
Depois da caminhada você é feliz,
se deixa todas coisas só por mim...
Por mim!... vem me seguir...
Que o Meu caminho é o da porta estreita sim,
Porém ao acabar junto de mim,
Você vai entender porque é bom, é bom seguir
Ele quer uma resposta todo dia de você irmão
É difícil a caminhada e por isso Ele te estende a mão

DEFINIÇÃO  TEOLÓGICA

 O termo VOCAÇÃO vem do verbo latim VOCARE, que nos primórdios foi traduzido como “Chamado”. Esta tradução denota algo estático, como se vocação fosse algo restrito a um momento pontual. Por isso, hoje os estudiosos nos indicam que a tradução mais correta do termo seria o equivalente a “chamamen­to”, ou seja, a uma atividade que perdura no tempo, algo dinâmico, que está continuamente acontecendo.  E como todo chamamento implica uma resposta, esta também deve ser contínua.

Levando para o lado eclesial, dizemos então que “Vocação é o chamamento de Deus que tem como finalidade a realização plena da pessoa humana”. Trata-se de um gesto gracioso de Deus que visa a plena humanização do Ser humano. É dom, é graça, é eleição cuidadosa, visando a construção do Reino de Deus. É um chamamento para fazer algo, para cumprir uma missão.

O interessante é que Deus tem claro qual é esta missão, mesmo antes de criar o ser humano! Veja por exemplo, o que diz  o profeta Isaias:
“Desde o começo eu (DEUS) anuncio o que vai seguir, desde o passado, o que não está ainda executado”( Is 46,10).
O texto mostra que Deus anuncia de antemão o que ainda não é plausível. Ou seja: antes mesmo de executar a obra da criação e de fazer o Ser humano, Deus já o “chamou” e confiou a ele uma missão.

Este texto bíblico faz-me lembrar dos fabricantes de mercadoria do nosso cotidiano. Eles inventam e fabricam coisas que poderão se tornar algo imprescindível para a sociedade. Desse modo, a “missão” pela qual o objeto fabricado é chamado a existir, já é conhecida pelo fabricante no passado! Porém, por motivos circunstanciais, aquele determinado objeto pode não cumprir com a finalidade/missão para a qual foi fabricado. Embora toda comparação é falha, este dado social pode ajudar a iluminar o dado teológico da vocação.

Da mesma forma, Deus conhece cada ser humano e o “chama” para uma determinada missão antes mesmo dele nascer. Porém, ao preservar a liberdade de cada um/a, o Criador dá ao Ser humano, a possibilidade de não responder àquele convite especial , ou seja, de não vivenciar a razão pela qual ele foi chamado a existir.

É importante ressaltar, porém, que aqui estamos dizendo do Ser humano enquanto toda a humanidade e não enquanto individuo isolado. Ou seja, a vocação de uma pessoa está intrinsecamente ligada a vocação de outra, de modo que a rejeição de um, afeta o outro.
Pode-se refletir sobre este “Chamamento” em três grandes níveis, a saber: Vocação à vida; à Vida em Comunidade e Vocação e Sociedade. Os três níveis se entrelaçam e não existem de modo estanque. Todavia, faremos uma divisão didática para melhor reflexão.

1.  Vocação à Vida


A vocação é ao mesmo tempo um chamamento de Deus e uma resposta pessoal.  O primeiro Chamado feito por Ele, refere-se ao dom mais precioso que cada ser humano pode possuir: a VIDA. Independente das circunstâncias que marcaram nossas origens, Deus quis que você e eu existíssemos. Para isso, Ele nos chamou à vida (cf Jr 1,5).

Portanto, a primeira das vocações é à existência (como se depreende da narrativa da cria­ção do Gn 1). À palavra de Deus tudo foi criado. Assim como Deus na criação nunca se repete e não vemos em uma árvore duas folhas iguais, cada ser humano é singular e diferente de todos os outros.

Nos capítulos 1 e 2 de Gênesis encontramos o relato da experiência espiritual de um povo que entendeu que tudo que existe procede de Deus e é bom. Daí decorre que todos somos continuamente chamados a cuidar, defender e promover a vida em todas as suas dimensões. Nesse sentido, no Novo Testamento o próprio Jesus afirma que veio para que todos tivessem vida e vida em abundância (cf Jo 10, 10b), de modo que todos os milagres de cura e libertação foram realizados nesta perspectiva: devolver a VIDA ao ser humano.

Vale ressaltar que o esforço pela defesa e promoção da vida deve alcançar não somente a própria vida, como a de todos os filhos e filhas de Deus, desde aqueles que estão sendo formados no ventre materno como também daqueles que aguardam o convite de Deus para a despedida final deste mundo.  Não é difícil perceber que a vivência radical desse aspecto da vocação exige testemunho firme frente a tantos contravalores difundidos na sociedade e muitas vezes disfarçados de boas intenções.

Vocação e Vida são verdades sinônimas de uma mesma realidade. A Vida é um eterno Dom dinâmico. Deus chama o ser humano a viver bem este dom, sendo manifestação explícita de sua presença no meio da humanidade (cf Gn 1, 26). Ao referir-se à fecundidade matrimonial, os números 2367-2368 do Novo Catecismo da Igreja Católica ajudam a iluminar este argumento de que toda vida provém de Deus e cabe ao ser humano colaborar com a continuidade deste dom.  Também os números 51 a  73 ressaltam a vida como chamamento divino. Vejamos o que diz o número 52: 

“Deus que habita uma luz inacessível quer comunicar a sua própria vida divina aos homens, criados livremente por ele, para fazer deles, no seu Filho único, filhos...”

Outro documento super-importante para nós, da America Latina, também aborda sobre o chamado à vida. Refiro-me ao Documento de Aparecida, que diz:

“Ele (Deus), criou, a pessoa humana, livre e nos fez sujeitos de direitos e deveres em meio a Criação (n. 104) e pelo dom maravilhoso da vida a pessoa humana honra e dignifica-O, colocando-se a serviço dos demais” (n 106).



Para refletir:

  1. Como temos acolhido e cuidado deste presente de Deus que é a vida?
  2. Como reagimos diante das ofensas cometidas diariamente contra a dignidade da vida (miséria, discriminação, prostituição, aborto, violência, etc) e diante da experiência do sofrimento pessoal e dos irmãos?
  3. Numa sociedade tão violenta e diante de atitudes autodestrutivas, como o suicídio e a drogadição, com quais atitudes concretas podemos ajudar as pessoas a acolherem, valorizarem e cuidarem da própria vida e da de todos?
  4. A doação de sangue e órgãos é uma atitude de quem valoriza a vida? Você é um doador?
  5. Ante o reconhecimento do valor de toda vida humana, qual deve ser nossa atitude com relação à vida das futuras gerações, especialmente, no que toca à proteção do meio ambiente?

2. Vocação à Vida em comunidade 



Diz-nos a fé cristã que Deus, ao criar os nossos primeiros pais, os elevou a uma ordem sobrenatural, pela participação na sua natureza, vida e destino eterno. Tal vocação extraordinária, extensiva a toda a humanidade, ficou prejudicada pelo pecado original.

Na sua misericórdia, porém, Deus sanou radicalmente tal situação com o envio de seu Filho, o Verbo divino traduzido em linguagem humana em Jesus Cristo, cuja vocação ou missão culminou com a sua morte e ressurreição. Antes de voltar para o Pai, Jesus teve o cuidado de instituir a Igreja que, juntamente com o Espírito Santo, aplicaria, ao longo dos séculos, a sua obra redentora, como sacramento universal de salvação.
Diferente de outras religiões, nossa fé já nos reporta para uma vivência da vocação comunitária, uma vez que acreditamos no Deus-Trino. Ele por si só já é paradigma de vida em comunidade. A particularidade de cada uma das três pessoas trinitárias não quebra a perfeita unidade entre elas (cf Jo 17,22-23).

A Vocação à vida comunitária não é um chamamento a ser respondido de modo isolado, mas sempre em comunhão com outras pessoas. Mesmo quem se entrega a Deus em uma vida radical de trabalho e oração na clausura dos conventos, ali está rezando e intercedendo por todos nós que labutamos por um mundo mais justo aqui do lado de fora. Não é por acaso que Santa Terezinha, mesmo após anos de clausura, é considerada a Padroeira dos Missionários. Desse modo, percebemos em qualquer vocação a dimensão comunitária da resposta que damos ao chamamento de Deus. E isso vale para todas as vocações, dentro e fora do âmbito eclesial. Se somos vocacionados à medicina, é pela comunidade que vamos nos esforçar para ser bons médicos; se somos vocacionados a ser professores, a mesma coisa. Da mesma forma, se somos vocacionados à vida política, não é visando o próprio bem, mas sempre visando o bem comum que vamos responder a esse chamamento.

Desde o início da Criação, o Deus da Vida chama cada ser humano a viver com outros, em uma verdadeira “comum-unidade”. A Igreja é uma comunidade hierarquizada de pessoas marcadas pela graça de Deus. Nela se entra pela graça do Batismo, a primeira das vocações cristãs. Vocação comum a todos os batizados é dar testemunho da sua fé ao longo de toda a sua vida. Mas há os que são chamados a maior entrega a este testemunho. Em certo sentido começa pelos que, pela realização da vocação matrimonial, dão testemunho do amor esponsal de Cristo pela sua Igreja, à qual dão os filhos. Mais radicais, porém, são as vocações de plena consagração ao serviço e amor de Deus, da Igreja e dos irmãos: as vocações marcadas pelo sacramento da Ordem, que atuam na Igreja oficialmente em nome de Jesus Cristo; e as vocações definidas pelos votos dos conselhos evangélicos, sobretudo em institutos reconhecidos pela Igreja. Estas últimas, não fazendo parte da essência hierárquica da Igreja, fazem parte, no entanto, da sua vida e santidade (CDC 207,2

Uma pergunta: A vocação do padre, bispo ou da irmã consagrada é mais importante  que a vocação das pessoas que não possuem especial consagração? Antigamente diziam que sim, mas graças a Deus, hoje, entendemos que todas as vocações possuem igual valor. A responsabilidade é própria de cada vocação, mas a importância delas, no Projeto de Deus, é de igual valor. Assim sendo, o coordenador, seja em nível local ou nacional, tem igual valor ao coordenado. O Documento de Aparecida ajuda a entender esta verdade ao dizer:

“A diversidade de carismas, ministérios e serviços, abre horizonte para o exercício cotidiano da comunhão através da qual os dons do Espírito (vocação) são colocados à disposição dos demais. O reconhecimento prático da unidade orgânica e da diversidade de funções assegurará maior vitalidade missionária e será sinal e instrumento de reconciliação e paz para nossos povos. Cada comunidade é chamada a descobrir e integrar os talentos escondidos e silenciosos que o Espírito presenteia aos fieis.” (N. 162)

Normalmente, as pessoas dividem a vocação na comunidade apenas em: Laical, Religiosa/Consagrada e Sacerdotal. Todavia, no ultimo Congresso Vocacional ocorrido em 2005, a CNBB nos ajudou a perceber como cada uma dessas vocações se subdividem. Vejamos como a teologia vocacional nos ajuda a perceber quais são estes variados chamamentos existentes na comunidade eclesial:

LAICAL:
a) Casado (viúvo)
b) Solteiro
c) Consagrado (forma individual ou em um Instituto Secular). Com a consagração: pública ou privada. Esta forma vocacional pode ser tanto masculina quanto feminina. Um exemplo próximo são as “Novas Comunidades”.
OBS: no mês de agosto, esta vocação é celebrada no segundo e no quarto final de semana.

CONSAGRADOS/AS
a)      Vida apostólica. Tanto masculina (Clerical = padres e não clerical = irmãos consagrados que não são ordenados), quanto feminina (não clerical);
b)      Vida contemplativa. Tanto masculina (clerical e não clerical), quanto feminina (não clerical).
c)      Institutos de Vida Apostólica. Trata-se dos institutos ligados diretamente a um bispo (diocese) que possuem chamamentos tanto para a vida de consagração masculina quanto feminina (sem voto público ou com compromisso renovável)
OBS: no mês de agosto, esta vocação é celebrada no terceiro final de semana.

MINISTÉRIOS ORDENADOS
a)      Diácono. Este pode ser: temporário (posteriormente será ordenado, por isso, este diácono tem que ser celibatário) ou permanente (este pode ser casado ou não);
b)      Presbítero. Termo correto para os que são chamados a serem ‘padres’. Na Igreja Ocidental, estes são celibatários e na Igreja Oriental, estes podem ser casados;
c)      Epíscopo. Os Bispos são por excelências celibatários, tanto na Igreja Oriental quanto na Ocidental.
OBS: no mês de agosto, esta vocação é celebrada no primeiro final de semana.

 Estas diversas vocações encontram-se claramente definidas nos documentos do Concílio Vaticano II (especialmente os documentos Lúmen Gentium, Chistius Dominus, Presbyterorum Ordinis, Perfectae Caritatis, Optatam Totius) e no novo Código Direito Canônico (especialmente no Livro II sobre “o Povo de Deus”).


Diante de tudo isso é preciso refletir:

  1. Como vivemos esta vocação comunitária na nossa família e na Igreja particular que participamos (diocese/paróquia/comunidade)? Que desafios encontramos? Como cooperamos?
  2. Já pensei, com seriedade, na vocação a seguir (laical/consagrado/ordenado)? Fiz alguma experiência vocacional para a vida consagrada ou ordenada ou, simplesmente, descartei essa possibilidade?
  3.  Tenho exercido com eficácia minha vocação de leigo nos lugares onde Deus me colocou?

3. As vocações à Sociedade



A cada um do Ministério Universidades Renovadas é rica a exortação de Paulo, especialmente aos Profissionais do Reino, para que não se conformem com o mundo presente, o qual não está em conformidade com o que foi projetado pelo Criador,  mas que o mundo seja transformado pela renovação da inteligência e da experiência de Deus (cf Rm 12,2). “A própria vocação, a liberdade e a própria originalidade são dons de Deus para a plenitude e o serviço ao mundo (Doc. Aparecida. N. 111)

Neste pequeno versículo, está a riqueza do chamamento vocacional à Sociedade. Não simplesmente como mais um, mas como aquele/a que ouve o chamado do Senhor, acolhe e responde positivamente. E, para realizar a missão que o Senhor confia, é necessário que nos abramos a todos os dons e carismas doados por Ele para sermos sal e luz (cf Mt 5, 13-14) no meio da Sociedade que caminha meio que na penumbra.

O Catecismo da Igreja Católica explicita esta vocação no seu numero 2230:
“Quando se tornam adultos, os filhos têm o dever e o direito de escolher a sua profissão e estado de vida. Assumirão essas novas responsabilidades na relação confiante com os pais, cujas opiniões e conselhos pedirão e receberão de boa vontade. Os pais cuidarão de não constranger seus filhos nem na escolha de uma profissão, nem na de ser um consorte. Este dever de discrição não os impede, muito pelo contrário, de ajudá-los com conselhos prudentes, particularmente quando estes têm em vida constituir a família”.

Sem utilizar estes termos vocacionais, a nossa ‘antiga cartilha’ já falava desta realidade, quando frisava que a “construção de uma sociedade mais justa e mais fraterna só é possível quando pessoas novas, formados à luz do Evangelho e ungidas pelo poder do Espírito Santo, assumirem seus lugares na sociedade (...). Para isso, basta que aceitemos o chamado especial do Senhor, cumprindo a missão que nos foi confiada, antes que o nosso tempo passe (cf Eclo 51,28).

O Documento de Aparecida dedica do número 114 ao número 127, toda uma reflexão sobre o papel do discípulo-missionário de Jesus Cristo no mundo de hoje. Tanto no âmbito familiar e defesa da vida (n. 114-1119; 464-469), quanto no trabalho (n. 120-122), na ciência e tecnologia ( n. 123-124), no destino universal dos bens e da ecologia (125-126; 470-475). E de modo especial, ressalto o número 492:

“Vocação de grande importância é a formação de pensadores e pessoas que estejam nos níveis de decisão. Para isso, devemos empregar esforços e criatividade na evangelização de empresários, políticos e formadores de opinião do mundo do trabalho, dirigentes sindicais. Cooperativos e comunitários.”

 No âmbito vocacional, não existe nenhum chamamento mais ou menos importante que o outro. O que há, são responsabilidades diferentes. Assim sendo, para os ‘olhos da Trindade Santa’, nenhuma das profissões é mais ou menos importante que a outra. Todas têm igual importância, pois é a soma dessas que ocasionam espaço de construção da tal sonhada civilização do Amor.

E, lembrando que em setembro acontecerá o 3º. Congresso Vocacional do Brasil, aproveitemos o dom que o Senhor concedeu a uma menina que cresceu em um dos nossos GOU´s e compôs uma musica que tem uma mensagem vocacional e cantemos rezando:

Primavera (keninha)

Primavera, manhã tão clara
Cada flor em seu momento, devido tempo
Brotará, pra que o sol aqueça
Cada uma igualmente ilumina

Não importa se seja gramínea ou flor
Violeta, roseira seja o que for
Seu papel não será menor para o Senhor
Que diferentes nos fez, mas com igual valor

Flor do céu, cada um com seu papel
Vamos ensaiar pra gente cantar
Canções lindas, lindas pro nosso Deus
Se da abelha é o mel,
Eu sou do céu

Primavera, manhã tão clara
Cada flor em seu momento, devido tempo
Brotará, pra que o sol aqueça
Cada uma igualmente ilumina

Não importa se seja gramínea ou flor
Violeta, roseira seja o que for
Seu papel não será menor para o Senhor
Que diferentes nos fez, mas com igual valor

Flor do céu, cada um com seu papel
Vamos ensaiar pra gente cantar
Canções lindas, lindas pro nosso Deus
Se da abelha é o mel,
Eu sou do céu

Flor do céu, cada um com seu papel
Vamos ensaiar pra gente cantar
Canções lindas, lindas pro nosso Deus
Se da abelha é o mel,
Eu sou do céu

Cada um com seu papel
Pra gente cantar
Canções lindas, lindas pro nosso Deus
Se da abelha é o mel,
Eu sou do céu

REFLITA:

  1. Nossa vocação à sociedade, como profissionais que somos, tem contribuído para um mundo melhor?
  2. Minha atuação de Profissional do Reino tem sido coerente com os valores do Reino ou tenho ocultado a missão que Deus me confiou?
  3. Como nós, profissionais do Reino, podemos, unidos em todo o País, unir forças para a construção da Civilização do Amor? Que atitudes concretas devemos tomar em âmbito local, diocesano, estadual e nacional?

DINÂMICA

Leia a seguinte citação:

[...] os fiéis leigos devem dar testemunho daqueles valores humanos e evangélicos que estão intimamente ligados à própria atividade política, como a liberdade e a justiça, a solidariedade, a dedicação fiel e desinteressada ao bem de todos, o estilo simples de vida, o amor preferencial pelos pobres e pelos últimos. Isso exige que os fiéis leigos sejam cada vez mais animados de uma real participação na vida da Igreja e iluminados pela sua doutrina social. Para isso poder-lhes-á ser de apoio e de ajuda a familiaridade com as comunidades cristãs e com os seus Pastores.” (Christifideles Laici, n.42)

Após ouvir a música e ler a citação acima se reúnam em 3 grupos e cada um dos grupos reflita sobre um dos aspectos da vocação(à vida, a comunidade e a sociedade). Em seguida uma pessoa de cada grupo partilha, para todos, o que foi discutido.


UMA ULTIMA PALAVRA (ULTIMA?)

São elucidativas as vocações descritas nos livros do AT: as de Abraão, Moisés, Gedeão, Samuel, David, Isaías, Jeremias… E no NT as vocações dos Apóstolos, de Paulo (vocação súbita), dos discípulos e discípulas (seduzidos pela figura e santidade de Jesus Cristo), etc. A variedade extraordinária destas vocações repete-se nas atuais vocações tanto na comunidade eclesial quanto social e nas mais diversas circunstâncias.

A resposta ao chamamento de Deus a cada um exige um processo de amadurecimento e discernimento. E como ninguém tem clarividência vocacional, as pessoas estão sempre precisando uma das outras. É mister a ajuda do irmão/a que já possui um pouco mais de caminhada, de modo que ninguém pode se furtar de dar e receber ajuda vocacional. Somos todos peregrinos rumo a casa do Pai, ajudando uns aos outros a formarem um só povo (família).

Que Nossa Senhora, mãe das Vocações, que soube viver seu chamamento desde o ‘sim’ ao anjo (cf Lc 1,38) até a sua ida a casa do Pai (ABADIA), passando pela vivência em comunidade (cf At 1, 14), ajude a cada um de nós a fazermos o mesmo.

Se este meu texto ajudou no crescimento teórico e vivencial sobre vocação, louve a Deus, se isto não ocorreu, reze por mim, para que possa melhorar.

INTENÇÕES PARA ESTE MÊS DE AGOSTO:

1        Pelo Santo Padre, o Papa, pelos Bispos, sacerdotes, pelos religiosos e religiosas, missionários e missionárias, pelos leigos e leigas, especialmente os mais tentados e perseguidos;
2        Pelo aumento e santificação das vocações matrimoniais, sacerdotais e religiosas;
3        Para que correspondamos a nossa vocação e perseveremos;
4        Pela unidade e aumento do número de profissionais do Reino e dos grupos de profissionais;
5        Por um perene Pentecostes sobre cada cristão e sobre toda a Igreja;
6        Pela unidade dos cristãos;
7        Pela RCC e todos os que nela servem, especialmente, os membros do Conselho Nacional, os coordenadores de grupos, de paróquia, de dioceses e ministérios;
8        Pelo Ministério Universidades Renovadas, pela Equipe Nacional de Serviço e pela Comissão Nacional dos Profissionais;
9        Pelos diversos projetos e atividades da RCC, especialmente o ENUR, o Ruah e o Projeto Amazônia;
10    Pelo nosso País e pelas eleições que ocorrerão este ano;
11    Pelas vítimas da violência e dos desastres naturais;


BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR

Bíblia: Tradução Ecumênica da Bíblia.
Catecismo da Igreja Católica.
CNBB. 2º. Congresso Vocacional do Brasil. Documento Final. 2005.
_____. 3º. Congresso Vocacional do Brasil. Instrumento de Trabalho. 2009.
Compêndio  Vaticano II.
Documento de Aparecida. 2007
OLIVEIRA, Jose Lisboa Moreira. Teologia da Vocação. Loyola: São Paulo. 1999.
RCC. Universidades Renovadas. Cartilha .


Com ternura,
Pe. Jacaúna CSS
Agosto – 2010